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O silêncio que adoece: por que precisamos falar de saúde mental

  • Foto do escritor: Tiago Santos
    Tiago Santos
  • 30 de set.
  • 3 min de leitura
Imagem com o título da matéria e o lanço, símbolo do Setembro Amarelop

Hoje acordei com uma cena que mexe com qualquer um:

Uma jovem, pouco mais nova que eu, se jogou do quinto andar no prédio à frente da minha varanda. Foi um despertar triste, que me fez pensar, logo pela manhã, sobre a vida, a morte, sobre o peso silencioso que muitas pessoas carregam e sobre a importância de falarmos de saúde mental abertamente.


Não trago isso para dizer que eu sou forte ou que minha equipe está blindada (quem está?). Trago porque é urgente que caiam quaisquer tabus. O problema muitas vezes está mais perto do que imaginamos, e neste Setembro Amarelo me sinto no dever, não só de lembrar, mas de avivar o diálogo e a conscientização.


Números da saúde mental que assustam


  • No Brasil, foram registradas 11.502 internações por tentativas de suicídio em 2023, uma média de 31 casos por dia. Fonte: Agência Brasil

  • Entre os jovens, a taxa de suicídio cresceu cerca de 6% ao ano entre 2011 e 2022, e os casos de autolesão na faixa de 10 a 24 anos cresceram 29% ao ano no mesmo período. Fonte: Fiocruz

  • 68% dos brasileiros relatam sentir nervosismo, ansiedade ou tensão, mas mais da metade (55,8%) nunca buscou ajuda profissional. Fonte: CNN Brasil

  • 26% dizem já terem sido diagnosticados com transtorno de ansiedade. Fonte: CNN Brasil

  • Um estudo da Ipsos mostra que 45% dos entrevistados afirmaram sofrer de ansiedade, e 19% relataram depressão. Fonte: Ipsos – Calendário da Saúde 2024

  • A depressão afeta aproximadamente 15,5% da população ao longo da vida no Brasil. Fonte: Ministério da Saúde

  • A OMS indica que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio no mundo a cada ano, sendo uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Fonte: OMS / Ministério da Saúde


Esses números nos lembram com dureza: o sofrimento não avisa sobre sua chegada. Ele apenas chega, se instala e cresce, às vezes no mais absoluto silêncio.



Ansiedade não é Depressão (mas estão relacionadas)


É importante destacar duas coisas que muitas vezes geram confusão:


  • Ansiedade nem sempre é transtorno. Pode ser uma reação pontual ao estresse, com manifestações físicas (tensão, inquietude, preocupações excessivas etc.). Só se torna transtorno quando interfere de forma significativa na rotina.

  • Depressão vai além de tristeza ou cansaço: envolve perda de energia, desinteresse, culpa persistente, alterações no sono/apetite e dificuldade de concentração.


Muitas pessoas têm ambos os quadros simultaneamente. A presença de ansiedade pode aumentar o risco de evoluir para depressão ou complicar o tratamento. E é fundamental lembrar: quem sofre não necessariamente aparenta estar em crise. Há dias bons, dias ruins, e muitos momentos em que tudo parece bem, mas por dentro há um turbilhão.



O que podemos fazer — como sociedade, como rede


Atenção: não sou especialista, não sou da área de saúde, mas quero usar esse espaço para deixar algumas convicções que formei ao longo dos anos em que pesquiso sobre o assunto:


  1. É preciso conversar sobre sofrimento mental. Muitas vezes achamos melhor não perturbar, não incomodar, mas às vezes tudo o que a pessoa precisa é que você siga na direção contrária. Se você perguntar a alguém: “como você está de verdade?”, provavelmente ouvirá um “tá tudo bem”, mas perguntar não dói e pode ser que abra espaço para compartilhar algo guardado, mesmo que superficialmente.


  2. É preciso abrir espaço para escutar sem julgamento. Entenda que você é apenas um elo de uma corrente maior, não é necessariamente aquele que vai resolver o problema. Quero dizer com isto que o objetivo não deve ser resolver nada, mas apenas deixar o outro sentir que é visto, acolhido.


  3. Preste atenção a quem está ao seu redor. Observe os sinais de alerta: mudanças no apetite, no sono, isolamento progressivo, comentários sobre inutilidade ou culpa, esmorecimento nas atividades que antes davam prazer… Tudo isso são pistas que merecem atenção, observação, mas sem causar alarde. Tudo o que a pessoa não precisa é alguém que não é da área querendo dar um diagnóstico.


  4. Nem preciso dizer da importância de incentivar a busca de ajuda profissional. Aos poucos, plante a semente de que procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem.


  5. Por fim, trabalhe atentamente para ajudar a construir ambientes que permitam a fragilidade. Somos todos feitos de forças e vulnerabilidades e esses números assustadores só vão começar a melhorar quanto conseguirmos (nas famílias, nas empresas, nas escolas, nas igrejas) criar uma cultura que acolhe ao invés de punir aquele que chora.



“Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.”

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